Hoje dei por mim a pensar o que será mais frustrante: ter um fundo documental actual e pertinente e não ter leitores para o mesmo, pois estes estão cada vez mais afastados da leitura e das bibliotecas, ou ter imensos leitores ávidos de novas leituras para os quais não existe um fundo actual e adequado às suas necessidades, realidades e expectativas… Até onde é que pode ir a imaginação do Bibliotecário para desenvolver estratégias para atrair a atenção dos leitores e motivá-los para a leitura com livros antiquados, sem novidades literárias e, por vezes até, sem ligação à sua realidade?
Por outro lado, qual o propósito de ter uma Biblioteca com prateleiras repletas de bons livros, de qualidade inquestionável e com as tão desejadas novidades editoriais, se o público está ausente dos seus espaços? Como pode o Bibliotecário quebrar a indiferença dos potenciais leitores? Como poderá chegar até àqueles que não têm o hábito de ir à Biblioteca e que, muitas vezes, desconhecem até, se não a existência da Biblioteca, pelo menos os serviços que coloca ao seu dispor? Pois uma coisa é divulgar os serviços e actividades da Biblioteca junto daqueles que a frequentam e que dela fazem os mais variados tipos de utilização, outra coisa, ainda bem mais difícil, é dar-se a conhecer fora dos seus espaços junto daqueles que nunca a frequentaram.
Ao fim deste tempo todo de trabalho, sinto que é relativamente a estas questões que as coisas se complicam, uma vez que não existem fórmulas mágicas que possamos aplicar.
Ao fim deste tempo todo de trabalho, sinto que é relativamente a estas questões que as coisas se complicam, uma vez que não existem fórmulas mágicas que possamos aplicar.
Pior ainda, nos vários cursos que se leccionaram e que se leccionaram, entre muitas outras coisas, ninguém nos preparou minimamente e de uma forma séria para ultrapassar estas dificuldades. Não nos foram dadas ferramentas na área do Marketing aplicado às Bibliotecas sem ser aquelas coisas básicas do senso comum. O pior de tudo é que nesse aspecto os actuais cursos continuam a não preparar os vários profissionais da área de uma forma sistemática e real na área do marketing dos seus serviços e actividades… Também não há qualquer tipo de orientação no sentido de preparar os futuros profissionais para lidar com a tutela e com a sua frequente falta de sensibilidade relativamente à importância de actualizar os fundos de forma a ir ao encontro das necessidades dos seus utilizadores. Como fazer perceber a quem tem poder de decisão que os gastos efectuados com os documentos, não são apenas GASTOS, mas são na verdade um investimento que é feito a longo prazo no desenvolvimento dos cidadãos? Há que apostar nas Bibliotecas e nos livros e demais documentos para que a aposta nas pessoas seja, de facto, uma realidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário