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24 fevereiro 2011

Gestão de conflitos ou gestão de (grandes) egos? - parte II

Tivemos mais uma actividade de animação da leitura em que era suposto participarem dois elementos da equipa: o animador que deveria dirigir a actividade e um colega que deveria dar o apoio necessário e orientar os participantes de forma activa durante a actividade, dizendo-lhes o que se pretendia que fizessem e esclarecendo-lhes as dúvidas que pudessem ter. Pedia-se que os dois elementos trabalhassem em equipa para que a actividade decorresse da melhor forma possível. Pretendia-se imprimir o máximo de qualidade à acção.
Porém, o que aconteceu trouxe-me à cabeça a imagem de um barco com dois tripulantes a remar avidamente, mas cada um para seu lado. O animador, a querer dominar a cena e mostrar que ele é que é O Animador, esquecia completamente o colega e pretendia ser ele a chegar a todos os participantes, o que, como é natural, não conseguia, ficando-se a assistência e apoio aos participantes muito aquém do desejado, comprometendo a qualidade da actividade. O colega, tentando como podia chegar até às pessoas, mas sem saber muito bem qual era o seu papel na actividade, pois sentia-se colocado à margem. Sempre que avançava para ajudar os participantes era abalroado pelo colega que não pretendia ceder terreno e queria ser ele a orientar tudo e todos.
Conclusão: ficaram todos a perder. Perderam os participantes que não tiveram o apoio que poderiam e deveriam ter tido. Perdeu o técnico que se sentiu a mais e que ficou com pouca vontade de participar numa próxima actividade, incluindo no trabalho de bastidores de preparação da acção, porque não vê o seu contributo valorizado. Perdeu o animador que não foi capaz de tirar o máximo partido da actividade e do trabalho do colega, pondo em causa a qualidade da acção devido a um idiota espírito de egocentrismo. Perderam os participantes que poderiam ter tido uma melhor experiência se todos os contributos tivessem sido utilizados de forma harmoniosa.  E estou eu prestes a perder a paciência para tanta infantilidade...
Quando é que o trabalho de equipa se tornou tão dificil? Porquê tentar deixar passar a ideia que o sucesso de um serviço é fruto de uma só pessoa, quando na verdade é o produto de um conjunto de pessoas? Porque será que as pessoas colocam os seus interesses pessoais acima dos do serviço e só pretendem a auto-promoção, em vez de se preocuparem com a qualidade do trabalho produzido? Os grandes profissionais são os que conseguem partilhar o seu espaço, experiências e louros com todos os que com ele trabalham e que procuram a melhoria contínua, aceitando todas as sugestões e contributos que proporcionem uma melhoria da qualidade dos serviços, e não os que acham que já sabem tudo e que não precisam da colaboração de ninguém. Assim vão as nossas bibliotecas!

16 fevereiro 2011

Gestão de conflitos ou gestão de (grandes) egos?

Cada vez mais me convenço que o mais difícil não é gerir os serviços, mas sim gerir as pessoas e os seus grandes egos.
Incutir o valor do trabalho, a importância do trabalho em equipa, isso sim, é difícil. Fazê-los perceber que o seu trabalho só faz sentido quando inserido num todo maior que deve estar em sintonia com o trabalho dos outros colegas. Que todas as partes são essenciais para o bom funcionamento do todo, como qualquer organismo que só está bem quando todos os seus órgãos funcionam em harmonia.
Numa biblioteca passa-se exactamente o mesmo. O tratamento documental e o atendimento ao público são tão importantes quanto as actividades de animação da leitura, são partes de um mesmo todo. Isolados pouco valem, mas quando combinados adquirem outra força.
A biblioteca não pode viver apenas centrada no seu fundo documental, tem de o complementar com outros serviços que dêem resposta aos crescentes anseios dos seus utilizadores. Por sua vez, a animação não pode viver desligada do resto dos serviços da biblioteca, pois deverá servir para divulgar a colecção da biblioteca, atrair novos públicos e promover a leitura e a literacia. Se se limitar a existir por si só, desligada dos restantes serviços da biblioteca, perde a sua pertinência, a razão da sua existência.
O curioso é que, na maioria dos casos, as pessoas tendem a fechar-se no seu mundo, a centrarem-se apenas nas" suas" tarefas, sem se importarem em compreender e participar nas tarefas "dos outros".
Os técnicos de biblioteca sentem-se menosprezados em relação aos animadores culturais, por considerarem que o seu trabalho não é tão visível; os animadores gostam de chamar a si os louros das actividades porque são eles que dão a cara durante as actividades, esquecendo-se que estas foram também preparadas pelos restantes colegas que contribuiram com muito trabalho de bastidores, para o sucesso das mesmas. O dia da actividade é apenas o culminar do trabalho de toda uma equipa que deverá ver o seu esforço devidamente reconhecido, e não apenas do animador.
Tento envolver e dar igual visibilidade a todos os funcionários, até para combater a tendência que algumas pessoas têm em querer chamar a si todo o protagonismo e apropriar-se do mérito do trabalho dos colegas. Mas é muito dificil, por vezes até frustrante, quando mesmo os que se queixam de não estar a ver o seu trabalho reconhecido insistem em continuar na sombra e não se chegam à frente quando lhes é dada a oportunidade de darem a cara pela actividade que ajudaram a desenvolver. Assim é difícil!

02 novembro 2010

Recursos humanos e mérito profissional ainda pouco valorizados: assim se afunda o nosso país

Capital humano: um dos mais importantes factores de sucesso de uma organização

Até que ponto se pode fazer um bom trabalho quando os recursos são verdadeiramente limitados, os financeiros e os humanos? Serão a nossa boa vontade e empenho suficientes?
Sempre pensei que o nosso trabalho fala mais alto e que se tiver qualidade mais cedo ou mais tarde acaba por dar os seus frutos e ser devidamente reconhecido. E, de facto, assim é.
É com enorme alegria que ouço aqueles que nos visitam assinalar o progresso que a nossa instituição tem vindo a registar nos últimos anos e a qualidade dos projectos desenvolvidos, bem como a aproximação a toda a comunidade escolar do concelho. Fico, de facto, contente por sentir que, de alguma forma, contribuímos para o desenvolvimento do país, ainda que de uma forma muito modesta.
Tem sido uma aventura quixotesca, ultrapassando aos poucos a falta de verbas, a falta de recursos humanos e a fraca qualificação dos poucos funcionários existentes. Por vezes, são necessários anos para conseguir preparar uma equipa de trabalho com competências para desempenhar um trabalho de qualidade, mas bastam apenas algumas más decisões tomadas por quem está acima de nós para colocar a perder todo o trabalho que levámos anos a construir. É pena que muitas pessoas que ocupam importantes cargos nas nossas instituições ainda não tenham compreendido que o mais importante capital que se pode ter e se deve preservar é o capital humano. O de qualidade. Não o que está num serviço porque tem bons contactos, leia-se cunhas, mas sim o que conseguiu o seu lugar por mérito próprio.
É com tristeza que ao longo dos anos tenho assistido à saída de alguns colaboradores que se viram obrigados a sair por não lhes terem sido dadas as oportunidades que eles necessitavam e tinham dado provas merecer. Acredito que quando temos pessoas dedicadas e competentes mantê-las é uma questão de inteligência e boa gestão. A qualidade dos serviços públicos depende em muito das pessoas que neles trabalham. Mais do que a maioria dos decisores geralmente reconhece. É pena....