02 março 2011

Bibliotecários municipais e professores-bibliotecários: fortes candidatos ao Survivor

Ser bibliotecário é cada vez mais uma opção que denota total falta de juízo. Senão veja-se:

Deixou de haver uma carreira específica, passámos todos para as carreiras e categorias gerais da Administração Pública, somos apenas técnicos superiores, perdemos o "de biblioteca e documentação", abrindo-se assim caminho para a contratação de pessoas sem as qualificações adequadas e até então exigidas.
Em Julho foi a vez dos bibliotecários escolares verem a sua importância ser posta em causa com a portaria 558/2010 que, às portas de mais um ano lectivo, reduzia (ainda mais) os recursos humanos nas bibliotecas escolares. Agora com a portaria 76/2011 consolida-se o ataque às bibliotecas escolares. Por este andar daqui a pouco estarão a funcionar em auto-gestão. É só uma questão de tempo e de mais alguns diplomas certeiros como estes.
Penso que a senhora ministra da educação não estará bem a par da realidade vigente no nosso país. Por mais RBEs e SABEs que se criem as escolas têm de ter professores bibliotecários e demais recursos humanos que garantam o regular funcionamento das bibliotecas escolares. Estas têm de ser devidamente geridas e dotadas de profissionais que possam desenvolver um trabalho efectivo na biblioteca.
No país real não se pode estar a contar que os protocolos assinados com as autarquias resolvam todos os problemas, até porque a maioria das bibliotecas municipais debatem-se elas mesmas com falta de pessoal para assegurar o seu próprio trabalho e serviços. Por vezes, até para assegurar os serviços mínimos de abertura ao público as bibliotecas, por esassez de pessoal, têm de desenvolver um complexo sentido de equilíbrio. Tomara as bibliotecas municipais conseguirem resolver os seus próprios problemas, quanto mais quererem que, num passe de mágica, resolvam também os das bibloteas escolares. A grande maioria não está preparada para arcar com todo o trabalho que lhe querem passar das bibliotecas escolares. Não basta assinar protocolos. Se se pretende esvaziar ainda mais as bibliotecas escolares, há que dotar, efectivamente, as bibliotecas municipais de pessoal qualificado que possa desenvolver as actividades das bibliotecas municipais e das escolares que querem pôr sob a sua alçada. É tão simples quanto isto. Por muito que se queira é impossível fazer milagres. Muito já nós fazemos, qual MacGyver das bibliotecas, sempre dispostos a dar o nosso melhor com os míseros recursos que as entidades responsáveis nos dão. Somos como as baratas: temos uma imensa capacidade de resistência. Por mais que nos ataquem não conseguem acabar com o nosso espírito e motivação. É este o verdadeiro significado da resiliência.

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